quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sabe algo que destesto?
Quem ri parecendo que está chorando, sabe?
Puxando fôlego, fazendo aqueles sons que parecem quase latidos, palavras interrompidas…
Destesto essa tristeza disfarçada nesses risos forçados…
..os meus!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

domingo, 11 de julho de 2010

Só eu.


Não sou eu, pensei que podia ser.
E até queria, mas não sou eu.
Tem feridas que nunca saram.
Ou saram, mas a gente fica com medo de machucar de novo.
Ou até perde o medo, mas os obstáculos afastam.
Distâncias. Proximidades.
Tão perto, nem um sinal, nem um aviso. Distância.
Proposital? Medo? Intencional?
Pra que? Se longe é tão bom, e perto podia ser.
Podia.
Mas não sou eu.
Tão próximo. Frase incompleta.

Completa.

Certeza.
Teu riso, ah, teu riso…
Posso escutar, ver, lembrar.
De que adianta?
Distância.
Teus olhos queimam.
Mas não sou eu.
Vigiam, percebem, notam, condenam.
Por quê? Qual razão?
Interesse.

Desinteresse.
Curiosidade.
Proximidade.
Mas não sou eu.
Tão próxima, tão distante.
Estende a mão, percebe, estou aqui.
Frente a você.
Queria estar aí com você.
Distâncias.
Proximidade.
Só eu.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sim, é responsabilidade minha...



Você não gostar de mim é única e exclusiva responsabilidade minha. Digo isso porque recém descobri que não gosto de amores possíveis. Eles não me atraem em nada. A possibilidade me dá medo, me afasta. Não gosto sequer de pensar no quanto seria doloroso ter alguém e depois perder. Ou pior, cansar, desistir, perceber o erro.
Ao contrário disso, amores impossíveis me fascinam. Atraem-me como abelha ao mel. Prefiro perder horas e noites pensando em táticas de te conquistar, em como seria maravilhosa nossa vida juntos. Perco-me imaginando teus beijos e todas as tentativas que tive e perdi de roubar-lhe um beijo.
Você não me amar é única e exclusiva responsabilidade minha. Porque se você fosse alcançável, se você fosse possível, não haveria o desejo de ter você. Escolhi-te exatamente por isso, porque é inacessível como um anjo imaculado que não poderia nunca ser tocado por mãos humanas como as minhas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Naquela rua.


Foi naquela rua que a gente se perdeu. Perdeu não no sentido próprio, visto que eu tinha o meu caminho e você o teu. Cada um seguiu uma direção. Volta pra casa, volta ao mundo.
Então me pergunto e se eu tivesse pedido que ficasse? Tu terias ficado? E se me convidasse pra partir contigo, eu iria? Talvez não. Mas me arrependeria como me arrependo de naquele dia ter descido aquelas escadas sem dizer tudo o que queria.
E agora me pergunto como será teu caminho. Cheio de sombras frondosas das árvores que enfeitam as avenidas de tua cidade? Ou cheio de sombras e pesares de tudo que passou.
Talvez só eu sinta esse aperto, essa angustia. Talvez porque eu goste disso. Sempre tive uma queda pela depressão e melancolia.
Essa serenidade que você transparece me angustia. Você nunca se expõe? Ou sempre foi claro, nítido e eu que queria mais do que via?
Pergunto-me agora das tuas companhias. Elas te alegram? Desejo que sim. Desejo no meu íntimo que tudo o que eu planejei pra gente, você realize com quem quer que seja. As conversas, os passeios, os filmes, as decepções. Porque das decepções é que surgem as cumplicidades.
Não apaguei aquela tua mensagem, deixo que todo dia ela me lembre de tua existência. Não posso dar margem ao esquecimento. Alimento-me de tua lembrança.
O olho agora já arde. Não sei se de ler essas palavras ou do que virá. E virão lágrimas. Então fecho os olhos. E volto àquela rua…

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Abandono...


E eu fui te abandonando pouco a pouco, você nem percebeu.
Primeiro acabaram as iniciativas de te procurar sempre.
Então parei de procurar desculpas pra conversar com você.
Guardei meus assuntos, meus segredos, meus desabafos.
Daí me limitei a apenas te responder vez em quando, cuidei de não estender assunto algum.
Prendi minha curiosidade, minha ansiedade, e principalmente, minha saudade.
Evitei saber da sua vida e comecei a cultivar o silêncio ao teu lado.
E uma vez morto o diálogo, era preciso matar a presença. Fiz novos caminhos, tracei novas rotas, mudei minha rotina.
Então mudei de casa, de bairro, de cidade.
Não levei teu endereço pra não correr a tentação de te mandar nem sequer um telegrama.
Eu fui embora na esperança de que sentisse minha falta.
E achando que te castigava, condenei-me à solidão.

Verídico..


Era uma vez… Eu não gosto de histórias que começam assim. Essa coisa de era uma vez nos leva a acreditar que aquela história é única. Pelo menos eu entendo assim. Entretanto essa história aqui já aconteceu tantas e tantas vezes, que o correto seria começar como “E mais uma vez…”
E mais uma vez um rapaz que se sentia triste e sozinho. Talvez fosse uma tarde de sol radiante e calorosa, dessas onde todos saem para passear na rua, mas ele carregava nas costas um fardo que o impedia de tudo. Não que de fato o fardo fizesse diferença, mas ele sentia que esse segredo era sua maldição.
Por ali havia uma menina que também tinha suas frustrações. Ela reclamava constantemente que estava predestinada a ficar sozinha e infeliz para o restante da vida. Achava-se feia e que por isso todos que passavam por sua vida a abandonavam.
Quis o destino que o caminho dos dois se cruzassem.
O rapaz acreditou nos lamentos da menina. Sentiu de pronto uma identificação e cometeu seu primeiro maior erro: entregar seu coração. A menina por sua vez não deu importância a tal presente. Ela desejava muito mais que isso, queria o céu, o universo, o infinito. Um dia ela desabafou que a única solução para ela seria ter asas. Ela poderia dar vôos rasantes pela cidade sentindo o vento no rosto alisando seus cabelos, poderia alcançar estrelas, modelar as nuvens do céu. O rapaz que nesse ponto, já estava perdido de paixão, cometeu seu segundo maior erro.
Na manhã seguinte, embaixo da janela da menina, havia um par de longas asas brancas. Asas longas de plumas brancas, asas verdadeiras que pareciam de pássaro gigante ou talvez de um anjo, se isso existisse. E mal abriu a janela, a menina explodiu de felicidade. Correu ao jardim, apanhou as asas e as abraçou com vigor. Levantava as asas ao alto e girava com elas, mas o que a menina não reparava é que de onde nasciam as asas havia sangue como se elas tivessem sido recém arrancadas de seu verdadeiro dono. Entretida, ela não percebia que gotas vermelhas respingavam em seus cabelos e iam tornando-os vermelhos, de um rubro que não sairia nunca mais de seus fios.
Ao entrar na casa ela costurou as asas numa linda blusa branca. Vestiu e olhou-se no espelho sorrindo e achando que lhe caía muito. E a partir daquele dia, passou a usá-las constantemente. De posse das asas, todos que a viam ficavam maravilhados e queriam ter sua amizade. O rapaz por sua vez adoeceu e por isso sumiu por uns dias. Quando recobrou a saúde, foi visitar a menina certo de encontrá-la saudosa. A menina não estava em casa, havia saído com seus amigos novos que adoravam voar pelos céus com a “menina de asas”. Passaram-se semanas até que tiveram a oportunidade de finalmente encontrarem-se. A menina explicou que não tinha mais tempo para ele pois tinha tantos novos amigos-passageiros, freqüentava tantos eventos, que até desfilaria num carro alegórico no carnaval. E ali despediu-se dele para nunca mais.
Então o rapaz voltou pra casa, sentou-se à sua escrivaninha, pegou uma longa pena branca que da ponta jorrava uma tinta vermelha infinita e começou a rascunhar uns versos de amor. Apesar de tudo, a imagem da menina vestida com as asas era deslumbrante, era mais linda que um anjo!
Ele lembraria dela por toda vida, não só pelos versos que deixariam ela eternizada, mas também toda vez que ele tivesse que trocar o curativo de suas costas. No mesmo lugar onde antes, haviam asas que ele escondia…

domingo, 4 de julho de 2010

Se...


Se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra.

Eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

Ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

Daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse…


- Alice Ruiz

A de Amor


Quando criança conheceu as letras. E lhe ensinaram que com elas podia-se formar qualquer palavra do mundo. Palavras que podiam representar qualquer coisa. Qualquer um que lesse a palavra, entenderia a mensagem. E foi então que ela se apaixonou.
Como podiam simples letrinhas organizadas representar qualquer coisa? Borboleta no céu. Flor aberta. Fruta docinha que escorre caldinho pelo canto da boca. Poderiam representar aquela dorzinha na barriga no final da tarde quando a mãe chamava pra jantar ou o peso nos olhos a noitinha quando terminava a novela e era hora de ir pra cama.
Naquele dia ela sonhou com letras felizes e saltitantes, brincando de roda, de mãos dadas e formando palavras. Riso. Sonho. Chuva. Calor. Escola. E sorria movendo-se na cama como se dançasse junto com as letrinhas.
E anos mais tarde foi para a escola pela primeira vez. O caderno impecável e os lápis cuidadosamente apontados. Ela já sabia ler e escrever tamanha a paixão que tinha pelas letras. E foi na escola que ela conheceu algo novo: que as palavras podiam cantar sem serem músicas. Aprendeu a rimar. Sol com girassol. Flor com beija-flor. Pomar com cantar. E nesse dia ela começou um jogo secreto onde ela via algo pelo caminho e pensava na palavra escrita com letra de mão bem desenhada e em seguida numa rima.
E desde essa época ela mantinha essa paixão pelas palavras. Plantou-as como se fossem sementes. Cultivava com literatura e gramáticas. Regava com pinceladas de língua estrangeira. Quis conhecer a origem de tudo, o radical e o prefixo. Fez frases complexas e completas, abusou de verbos, adjetivos e advérbios.
Numa tarde nublada, que as nuvens começavam a derramar pingos d’água que mais lembravam lágrimas, as palavras se multiplicaram e deram um lindo fruto: o primeiro poema dela.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Às vezes dói dizer a verdade, mas ela deve ser dita...


Eu corria aos seus braços pra poder me livrar
Dos tempos com que a vida me atacava
Com sua ausência eu penso onde vou me abrigar
Pois o abrigo não mais me abre as portas

Ao relento sem me abrigar
Pra onde o vento vai me levar

Desamargos do tempo as dores vão me agarrar
E indefeso eu não posso contra atacar
Só me resta um silencio que não posso calar
Pois só você ouvia, ouvia eu falar